Ao explorar a diferente jornada pessoal de duas mulheres parecidas, Smoke & Mirrors se revela uma bela narrativa sobre o empoderamento feminino.
Esta é a beleza de Hollywood. Você pode ser quem você quiser.” — SILVER, Ned
Imagine alguém que durante anos e anos só apanhou da vida. Alguém que várias vezes tentou juntar os cacos de seus sonhos quebrados. Alguém que uma hora se cansou e desistiu, se tornando o tipo de pessoa que antes abominava. Agora, imagine esse mesmo alguém ganhando habilidades descomunais e junto com elas, a oportunidade de pagar com a mesma moeda ao universo.
Esta aí uma fórmula velha, mas ainda extremamente eficaz, para se obter um vilão interessante. Agent Carter não hesitou em experimenta-lá, também foi além: acrescentou como pano de fundo a repressão feminina. A jornada da vilã foi colocada em paralelo com a da protagonista, fazendo o telespectador refletir sobre o quão parecidas elas são… ou já foram algum dia.
Ambas nasceram fora do padrão feminino dos anos 60. Uma sonhava com uma vida cheia de aventuras, a outra, por sua vez, só tinha olhos para a tecnologia. Nenhuma das duas se importava com príncipes encantados ou almejava um casamento feliz. Como a 1ª temporada deixou bem claro, se você nasce com ambições conflitantes com sua época, você provavelmente vai sofrer. Dito e feito!

A resumida premissa pode impactar ou no mínimo fugir do que você espera ver na produção, mas é claro que os roteiristas maquiaram tudo com inúmeras piadinhas e cenas hilárias (vale citar as de Jarvis dopado). Maquiaram, porém, mantiveram a essência emocional visível pra qualquer um.
Smoke & Mirrors é um daqueles episódios para se assistir mais de uma vez, com certeza. Só assim para perceber o quão corajosos os cabeças da ABC foram ao mexer no passado de uma personagem que já teve seu passado explorado antes. Neste caso, explorado em Capitão América: O Primeiro Vingador. O ano de estreia da série se baseou basicamente em Peggy se adequando a uma vida sem tanta emoção após os eventos do filme, que no presente da série representa o passado da protagonista. Portanto, colocar o telespectador numa máquina do tempo rumo a um lugar onde ele já esteve antes foi no mínimo arriscado.
Um único erro. Um único erro nesta história de origem bastaria para desvirtuar a protagonista e irritar os fãs que a acompanham. Felizmente, em Agent Carter isto não aconteceu. Muito pelo contrário. A trama envolvendo Michael Carter e o noivo de Peggy só somou a algo já rico e muito bem construído.
Além de saber usufruir do período em que está inserida, a direção de David Platt voltou a acrescentar elementos visuais incríveis, carregados de significado. Um exemplo é a visita de Whitney Frost ao cinema. Uma cena visualmente bonita, com uma atuação convincente de Wynn Everett, e ainda assim cheia de significado. Diante disso, quem liga para o fato da mesma ganhar forma em cima do maior clichê hollywoodiano?
Continuo com um pé atrás em relação a trama principal, ainda não acho que os produtores têm as ferramentas certas para lapidar um material tão denso. Entretanto, não posso deixar de parabenizá-los pela história bem contada — e bem montada, inclusive — em menos de uma hora.
Agora você pode interagir com o BOXPOP. Conte nos comentários suas impressões sobre o episódio. Semana que vem tem mais Hayley Atwell para todos nós, então, até lá! E confira a promo do eletrizante The Atomic Job:
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