O sexto episódio, Room 33, avança na discussão sobre padrões predeterminados
Ninguém me achou inteligente o suficiente para me dar livros”. — DUFFY, Tristan
Room 33, o sexto episódio de AHS: Hotel, começa em Los Angeles, no ano de 1926. Acompanhamos uma Lady Gaga vacilante, com medo, sem todo o glamour da Condessa, saindo de um carro e entrando numa casarão.
Apesar da imagem meio lavada, quase em preto e branco, aquela casa parece familiar. Ao ver um porta-retratos de uma mulher, o marido e uma criança, nos recordamos de Lily Rabe e da primeira temporada de AHS, sobre a casa assombrada. Ou seja: assim como em Freak Show houve um reencontro com Asylum, em Hotel voltamos ao início.
Depois de revelar a história da transformação de Liz, no episódio anterior, Room 33 vai mais além, ao mostrá-la vulnerável em uma cena de sexo e carinho com Tristan Duffy (Finn Wittrock). Se os detratores e críticos de Murphy erram em algo é quando o acusam de abusar da sexualidade, principalmente, nas cenas de sexo homossexual. Nada é gratuito. Apenas liberal.

O criador de Glee e diretor de The Normal Heart está apenas quebrando paradigmas e ideias preconcebidas. Após a cena entre Liz e Tristan, a Condessa chama o rapaz para ajudá-la com Will Drake (Cheyenne Jackson), que ela precisa seduzir, para conseguir salvar o Hotel. Como Drake não gosta de mulher, a Condessa precisa da ajuda de seu novo brinquedo sexual para continuar com o plano.
E Tristan se mostra reticente, dizendo: “Eu não sou gay”. Mas as pessoas, ao assistirem ao episódio, podem se perguntar: ele acabou de dormir com Liz, o personagem transgênero perfeitamente interpretado por Denis O’Hare? Acontece que o próprio diz a Tristan após o sexo tórrido: “Obrigado por enxergar a garota”. Ou seja, Murphy está dizendo claramente. Não há padrões predefinidos. O preconceito, a homofobia e a transfobia não levam a lugar nenhum.
Enquanto isso, Alex (Chloë Sevigny) precisa esconder o seu novo segredo e John (Wes Bentley), interrompendo os planos de Donovan (Matt Bomer) e Ramona (Angela Bassett). Inclusive, é Donovan que conta para as novas transformadas, apresentadas no primeiro episódio, um pouco sobre a dinâmica do hotel.
Se até agora, AHS Hotel brincou de reverenciar O Iluminado, com a estética kitsch, o sangue e as crianças, e Seven, com a história do serial killer; Room 33 brinca de Bebê de Rosemary. Somos apresentados ao filho da Condessa. Mas é preciso esperar até o final para conhecer a gracinha (só que não).
Depois de um começo meio fraco, AHS Hotel entra em um ritmo crescente, apresentando um sexto episódio melhor que o último. E cheio de reviravoltas, com a crueldade da Condessa totalmente relevada. “Don’t be a drag, juts be a Queen”.
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