Ser ‘aquela garota’ era minha nova identidade. Mas não vou deixar que isso me defina. Eu definiria isso. — Hamilton ,Jenna
Séries teen nunca se ausentarão da grade televisiva, principalmente por resultar em boa audiência e popularidade. Entre blogs anônimos, meninas mentirosas, cantoria nos corredores ou aventuras oitentistas em NY, nenhuma se compara à genialidade da MTV americana. Ela reuniu todos os podres e o êxtase da adolescência em um roteiro recheado de cretinice e sarcasmo inteligente, trabalhado no drama cafona, romance diferenciado e comédia deliciosa. Essa é a maravilhosa Awkward, um conto adolescente aclamadíssimo pela crítica internacional, porém subestimado por seu público alvo.

A série conta a história de Jenna Hamilton, uma garota esquisita e pouco popular. Ao receber uma carta ameaçadora, ela acaba sofrendo um acidente e é apontada como ‘a garota suicida’. Entretanto, quando o incidente e a má reputação são usados a seu favor para fugir do anonimato de forma negativa, Jenna, condenada por estigma que promete ser a maldição de sua vida, usa-o para se tornar uma benção.
Colegial. Garota emergente. Angústia adolescente. Estes termos descrevem minuciosamente a ainda curta vida de Awkward em seus 24 episódios. Construída sobre a premissa para ser mais uma série adolescente, Jenna e seus próximos seguem tudo do mais clichê, menos as diretrizes — ou costumes — de qualquer série de abordagem similar. Tudo culmina na refrescância no roteiro pouco explorada hoje em dia.
Não é fácil encontrar uma história que evidencie o sumiço dos clichês, pode-se dizer que é impossível a arquitetação de qualquer meio narrativo sem a presença deles. Mas vale seu ousado na hora de dizer que dentre, todas as séries para o público jovem, Awkward é uma das únicas que usa a inovação desse público para não cair na mesmice. E querendo ou não, isso a faz a melhor entre os concorrentes.

Tudo isso já mostra o quanto o roteiro de Awkward é um dos pontos fortes da série. Se a originalidade não bastasse como ponto positivo, o ‘jogar de cartas’ na mesa também marca pontos; situações inusitadas onde tudo é colocado com franqueza, sinceridade e sem censura. Alcoolismo, descobertas, traições, amores, problemas e sexo; está é a realidade adolescente.
Mas Awkward ainda não é uma super-heroína que conseguem transformar todos os clichês em algo inovador. Os maiores clichês estão enrustidos nos personagens, os grandes responsáveis por aquilo que nos cativam.
A menina invisível e mal entendida. A cheerleader satânica. O pegador da escola. O amigo bonzinho e carinhoso. As amigas problemáticas e os familiares que envergonham. O leque de personalidades em séries teen sempre conquistam de forma gigantesca, principalmente por apresentar uma chance maior de identificação entre o telespectador e a figura fictícia nas telas. Tanto a protagonista quanto os coadjuvantes apresentam tal potencial, pois sem seus personagens impecáveis, Awkward não seria capaz de criar sua identidade, ou até mesmo, resistir mais que uma temporada.

Infelizmente, seu segundo ano não apresenta a consistência do primeiro. A proposta de um triângulo amoroso, insinuada na primeira temporada, acaba sendo aprofundado na segunda temporada — causando certos receios. Esta é a única falha que chega a incomodar, trazendo um indesejado desgaste, mas ainda assim, a situação atinge um ápice com resultado muito bem trabalhado e elaborado que passa a ser ignorado; seus efeitos colaterais trouxeram o gás necessário para uma reta final.
Por quinze anos, fantasiei sobre todos da escola me percebendo enquanto passava no corredor. O que eu estaria usando? Algum cara me cobiçaria? Será que eu seria 12 cm mais alta ou teria peitos de atrizes pornô? Não, esta não é minha realidade. Meu momento de fama foi um p*rra! — Jenna
A soma de tramas excelentes, trilha sonora ótima e personagens além de bons, não pode ser negativa. E não é! Awkward manteve a qualidade equilibrada e um ritmo implacável para criar uma legião bem fiel de fãs. Tão eficiente e viciante, a série não apresenta nenhum motivo para não agradar um típico fã de séries adolescentes. Já os adultos, só digo que a nostalgia tomará conta de você ao conferir este retrato da boa e velha adolescência.
Curiosidades
# Para a construção do roteiro da série e alguns episódios, Lauren Iungerich (criadora e diretora), visitou seu antigo colegial e entrevistou diversos alunos para criação de personagens e tramas para a série.
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