
Antes de começar a escrever sobre o que realmente importa preciso deixar claro duas coisas:
1) nunca acompanhei Gilmore Girls, vi apenas alguns episódios quando passavam no SBT, o que torna Bunheads uma novidade, e não limita minhas percepções em apenas comparações.
2) não tinha a menor noção sobre o que significava bunheads; depois de intensa pesquisa, descobri que significa aquela pessoa que dedica ou dedicou a sua vida para o balé. São as(os) workaholics do plié-cambré-allongé.
Pronto, podemos começar. A nova série de Amy Sherman-Palladino, criadora de Gilmore Girls, gira nesse eixo: a história de Michelle (Sutton Foster), uma bailarina que tinha tudo para ser uma bunhead, mas que por falta de foco na vida, acabou tornando-se uma show girl em Vegas. Ela casa-se sem amor com Hubbell (Alan Ruck), filho de Fanny (Kelly Bishop), uma ex-bailarina da Cia de Moscou que, mesmo depois de abandonar os palcos, continua sendo uma exemplar bunhead, dando aulas de balé na pacata Paradise, cidade da Califórnia. Na trama, também temos Boo, Sasha, Melaine e Ginny, adolescentes, alunas de Fanny, que sonham serem, um dia, perfeitas bunheads.
É complicado darmos um aval para uma série vendo apenas o piloto. Dizer que ela será boa ou ruim de cara é possuir um poder de decisão entre certo e errado, que não possuo. Prefiro então falar das sensações que esse primeiro episódio causou.
Bunheads é uma série do universo feminino. Os dramas girarão em torno das mulheres e são elas as forças motrizes do enredo. E, não é por causa disso, que podemos afirmar que ela é cópia descarada de Gilmore Girls, como já li em diversos lugares. É como uma receita, sei lá, de risotto. A base é a mesma, o que difere no sabor, na consistência e na apresentação, são os ingredientes que compõe o risotto, e o toque final do chef.

E quando temos novamente Amy Sherman comandando a cozinha, já podemos levar em conta que os diálogos são ágeis e inteligentes. Em um primeiro momento, temos a sensação que será uma série bobinha, água com açúcar. Mas Palladino, como poucas, sabe dosar o humor sempre presente, com dramas impossíveis de não parecerem verossímeis. O piloto de Bunheads teve um pouco de tudo isso.
Os personagens, apresentados até então, estão bem construídos e já conseguem criar uma empatia com o telespectador. É impossível não torcer já de cara para Michelle e ficarmos sensíveis com seus dramas. Ou não reconhecer no grupo de adolescentes, o quanto é difícil passar por essa fase. E não se apaixonar loucamente por Fanny, um tipo de papel que Kelly Bishop sabe desempenhar como ninguém. Foi assim em Gilmore Girls.
O piloto terminou com um cliffhanger que desencadeará todas as relações propostas neste episódio de estreia. Como será a relação da recente mulher casada (e possível viúva?) Michelle com sua excêntrica sogra? A adaptação de uma mulher em uma cidade que nem cinema tem. Os dramas adolescentes. As novas possibilidades de amor…
Se Bunheads será a nova Gilmore Girls da década, ninguém sabe. Comparações estão sendo feitas. Para os saudosos de Lorelai, posso dizer que a protagonista da nova série tem tudo para ganhar um espaço cativo na vida de vocês. E para os novatos, como eu, no mundo de Amy Sherman, Bunheads foi uma divertida surpresa.
Enfim, Palladino está nos convidando a um pás de deux com sua nova série. Tirem a velha sapatilha da gaveta e permitam-se. Afinal, é dura a vida da bailarina.
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