Esses dias eu acabei entrando naquele site… como chama mesmo? Isso! 9gag! É que eu não entro muito… Mas eu vi esse post, que fala sobre como Firefly durou uma temporada, e Jersey Shore (até agora) durou 5.
Isso me deixou muito desconsertado — não que a TV seja ingrata com séries de verdade, enquanto mantém porcarias igual Jersey Shore; mas saber que as pessoas podem se revoltar com uma coisa dessas, como se fosse mesmo um absurdo.

A verdade é que, enquanto uma série custa UM TRILHÃO DE DINHEIROS para criar um mundo inteiro de coisas que não existem, o outro custa… bom, custa mais ou menos o salário de dois ou três profissionais bem descartáveis, já que eles só tem que segurar a câmera, segurar o microfone e dirigir atrás das pessoas.
Ser responsável por uma série como Jersey Shore é QUASE (mas quase mesmo, passa muito perto) de ter o trabalho de um paparazzi: você sai por aí atrás de alguém com uma câmera e espera que essa pessoa faça a pior coisa possível — que é o que vai dar mais audiência.
E no final: “HEY! E não é que um número absurdo de adolescentes de gosto duvidoso está maluco pelo nosso programa?!”

Claro que Jersey Shore faz sucesso: são pessoas mais ricas do que você, com uma vida mais divertida que a sua, armando barracos, indo a festas e enchendo a cara entre uma noite e outra de pegação frenética. Quem não gosta de um barraco? Sinceramente, Jersey Shore é de uma genialidade excepcional!
Poucos programas na história do mundo foram tão sábios.
Porque, você pode passar a sua vida toda ressentido com a humanidade e um dia escrever uma série sobre uma pessoa tão ressentida quanto você, mas muito mais inteligente e essa série virar m sucesso enorme e ganhar vários prêmios pro seu ator principal que costumava fazer o pai adotivo do Stuart Little. Mas de que vale tudo isso se alguém pode ficar igualmente rico gravando uns malucos embebedando na praia?

É igual ao Big Brother: se você quer ganhar MUITO dinheiro, você só precisa ESQUECER das obras do Ariano Suassuna e colocar um punhado de desconhecidos numa casa com muitas câmeras. É MIL VEZES mais barato. Faz UM BILHÃO DE VEZES mais sucesso.
O ponto é: fazer programas medíocres — assim, MUITO MEDÍOCRES MESMO, PROGRAMAS IDIOTAS, DELIBERADAMENTE BURROS — valem mais a pena do que dedicar uma SURRA de esforço e dinheiro pra fazer uma série boa de verdade. Todo mundo ainda lembra de Luck né? Não? É, não deu tempo…
Mas é importante lembrar que não são os responsáveis por esses programas idiotas que devem ser culpados. Os idiotas mesmo são vocês que assistem a essa bagulhada toda — que é uma conclusão tirada desse outro post aqui. Na verdade, eu duvido que a galera que faz esses programas gosta do que eles fazem.

Na real se nem o Woody Allen curte os próprios filmes depois que termina, as pessoas que fazem Jersey Shore devem se sentir espalhando a malária numa ala de maternidade.
É uma situação complicada…
Quando o grande Datena foi entrevistado no Roda Viva, ele foi loucamente acusado de fazer um jornalismo sensacionalista que explora a pobreza, a desigualdade social, a injustiça e a violência. O Datena respondeu que… é o trabalho dele. Ele tinha que pagar as contas e esse é o trabalho que sobrou pra ele. Se dessem outro programa pra ele fazer — como ele constantemente sugeria — ele faria com o maior prazer.
Isso era um cara que conhece todos os filósofos por nome, sobrenome e tipo sanguíneo, fazendo o programa MAIS BAIXO da televisão.

Com Jersey Shore e uns programas de baixo calão assim eu realmente acredito que seja a mesma coisa: não é que eles gostem… mas eles tem que fazer ALGUMA coisa. E fazer Jersey Shore é definitivamente mais fácil do que tentar gravar Game of Thrones com um orçamento menor que o Cidade Alerta (afinal, eles ainda tem um helicóptero).
Mas se até o Datena ganhou um bom programa pra apresentar…
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ENTÃO… minha mulher leu isso aqui e disse que o texto ficou edificante ao invés de engraçado… então, pra consertar as coisas, eu vou deixar essa linda foto de um gatinho aqui pra vocês, que… mór daora, né?

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