Escute! (…) Eu sei que você está com medo, mas sentir medo é normal. Ninguém nunca te disse? O medo é um superpoder. O medo pode fazer você mais veloz, inteligente e forte. (…) O medo pode fazer você ser gentil.” — OSWALD, Clara
Alguém está recuperado deste episódio? Por que eu ainda não, e é por estes motivos que eu gosto tanto de Moffat — esperando julgamentos. –
De longe este é um dos melhores episódios da temporada — será que a essa altura do campeonato podemos eleger um melhor episódio? — Usando seu personagem de infância preferido, Steven Moffat elabora um verdadeiro ensaio sobre o medo. Aplausos!
Com um roteiro de explodir mentes e como o próprio Moffat divulgou, ele quiser mostrar o que o Doutor faz, quando não faz nada: caça um problema.

Partindo de uma reflexão filosófica do próprio Doutor, de um medo infantil, quase universal sobre a “síndrome do bicho papão”, o mesmo começa a se indagar: O que está embaixo da cama, quando ninguém está olhando?
Partindo para o passo de pesquisa em livros que pautem sua teoria, o Doutor, pouco convencido — uma das características dessa nova encarnação, o ceticismo — pede a ajuda de Clara para desvendar este mistério. A ideia é simples, usar a Imposible Girl e usa memória até um dia de sua infância que a mesma tivesse este pesadelo e olhar o que havia embaixo da sua cama.
Porém as coisas não saem como o planejado.
O elemento surpresa que falta em Robot of Sherwood, aqui, em Listen, nós temos de sobra. Sem revelar grandes detalhes sobre a trama, se não perderia toda a graça, reparem como Moffat constrói todo um episódio pauta no medo mais infantil, trazendo à tona uma das características primaria do programa, que as vezes nos esquemas, Doctor Who nunca deixou de ser um programa infantil de monstros.
É louvável como o Departamento de Arte e fotografia realiza uma grande construção de suspense psicológico com pouco recurso, e em uma das cenas memoráveis, usando apenas um quarto, uma cama e um lençol. Nesta cena em especifico, a luz que brilha no canto da tela muito me lembra os recursos usados nos filme de J.J.Abrans. E o investimento pesado em recursos de feito especial criou uma das cenas mais lindas e ao mesmo tempo mais melancólicas de se ver no início da projeção com um Doutor meditando em sua TARDIS.
Toda analise que o roteiro faz também sobre o “bom soldado” ser aquele que não carrega arma alguma, uma referência obvia ou nosso herói, é deveras interessante, visto o quadro político de uma Inglaterra que apoio o uso de ataques armados dos EUA a Rússia. Mensagens pacifistas em um show infantil em tempos de conflitos reais.
O Moffat sendo Moffat explode nossas mendes na cena final, com uma Clara em um celeiro desconhecido, onde a mesma traz todo um discurso sobre a importância do medo;Que o medo em si traz mais benefícios que malefícios, traz todo uma carga dramática ou percebermos que é o mesmo discurso que o Doutor, usou mais cedo na projeção, para o jovem e assustado Rupert Pink.
E por fim, mas não menos importante, muito pelo contrário, Clara Oswald ganha um peso tão importante na trama que me pergunto se ela realmente poderá ou se já é, a companion mais importante na vida do nosso Doutor? Verdade ou não, se havia um monstro em baixo da cama ou não, o fato é que Moffat nos traz um episódio com o que sabe fazer de melhor, nos instigar a especular.
Na semana que vem, vamos dar uma de 12 homens e um segredo e roubar o banco mais perigoso do universo.
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