– Então, temos uma situação de perigo infinito á sua reputação, que não traz nenhuma recompensa emocional para compensar” PAINSWICK, Lady Rosamund.
Caminhando para o fim da temporada é esperado que os dramas dos moradores de Downton Abbey fiquem mais a flor da pele e como consequência haja mais ações e dramas exacerbados, que nós, no fim, tanto amamos.
É interessante analisarmos, leitor, nesta altura do campeonato uma metáfora interessantíssima que Conde Fellowes nos propõe. Com o passar do tempo e a chegada da “era moderna” e novos modelos econômicos, políticos e culturais, Fellowes caminhou com a construção dramática no sentindo contrario. Enquanto nas temporadas passadas o foco era nos personagens mais jovens, agora, Fellowes mostrar que os personagens mais velhos ou de 3º idade também podem ter, no fim, mais dramas e aventuras. Talvez isto seja um lembre ao telespectador, que um dia você também será idoso, e que um dia não entenderá, talvez, o pensamento da “futura modernidade” de sua época.
Assim, temos Isobel Crawley — Penolepe Wilton grandiosa como sempre! — vivendo seu drama de amor na 3º idade, se deve ou não aceitar o pedido de casamento de do Sr. Merton. Devo admitir que acho interessantíssimo esta relação inesperada, trazendo mais dinâmica para a evolução da personagem, pois é evidente que Isobel forma uma dupla muito melhor com o Dr. Clarkson, este último que ainda não sabe expressar a admiração que sente, fazendo com que eu o enxergue muitas vezes como um adolescente.

A Condessa Viúva continua em sua tentativa de achar a Princesa Russa desaparecida, mostrando um lado da personagem que é divertidíssimo acompanhar, trazendo a tona todo o potencial dramático da incrível Maggie Smith , que antes apenas controlava a vida de todos ao seu redor e soltava frase de efeito… Bom, a personagem continua a fazer isto, para nossa alegria, porém ganhou seus próprios dramas.
Como o casal Cora e Robert, que sempre pareceram intocáveis, e foram o auge do episodio, abalando a dinâmica do casal pela ousadia do Sr. Simon (Richard E. Grant em ótima performance!).
E quando os mais novos, presos em seus segredos e na soberba de acreditarem que são deles o futuro, são nos mais idosos que encontraram apoio para resolver o que pra eles pareça impossível, como Edith que contará com a sabedoria adquirida pela vivencia de Tia Rosamund e de Lady Violet — que não deixa escapar nada — para que ela possa reaver sua filha Marigold, sem perder sua reputação perante a sociedade.
E quando não são nos mais velhos, são nos verdadeiros amigos que o apoio inesperado vem, como Daisy mais audaciosa, que não nego a surpresa de darem este rumo a personagem, avisando um Tom, que a Sarah irá embora, encerrando de vez esta relação, o que só faz o personagem de Allen Leech crescer, afinal Sarah foi a responsável por reavivar as antigas paixão de Tom pela politica e a ideia moral de esquerda.
A direção de Minke Spiro muito me agrada com seus elegantes travellings e planos de enquadramentos ousados a fim de valorizar as expressões dos atores, porém por falta de tempo — ou cuidado — não posso deixar de mencionar o descuido que foi às cenas interiores, com uma fotografia e luzes ensolaradas intercaladas das cenas externas em uma chuva torrencial, o mínimo de cuidado possível seria trabalhar com uma paleta de cores mais frias para as cenas internas, que se seguem na primeira metade da projeção. Em contrapartida Spiro consegue valorizar a trilha sonora tornando as cenas mais tensas, como o interrogatório de Ana Bates, que a direção de Catherine Morshead hora e outra interrompia tais momentos dramáticos com seus abruptos cortes seco, afinal são estes tipos de cuidados com detalhes que sempre valorizaram a série.
PS: Este episodio traz na fala de Maggie Smith duas referencias a grandes nomes no Teatro e da Dramaturgia inglesa, que são as citações a Ellen Terry que tornou a atriz shakespeariana mais famosa do Reino Unido e a Humphry Ward, novelista que escrevia pelo pseudônimo do marido.
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