
O pior que pode acontecer com uma série estreante é carregar o peso de ser “a nova alguma coisa”. Foi assim com várias séries que se intitulavam a nova Lost, por exemplo. Todas criam uma expectativa nos telespectadores, e principalmente, nos fãs fanáticos que, na maioria das vezes, não é cumprida. E o resultado? Fracasso geral. Claro que muitas por culpa única e exclusiva de seus péssimos roteiros, vamos combinar.
Então se você anda ouvindo por aí que Girls é a nova Sex and the City, e quer fazer dessa nova série uma forma de matar as saudades de Carrie, esqueça. Em Girls, você não vai encontrar uma Nova Iorque ensolarada e cheia de dólares. Muito menos os cobiçados guarda-roupas das heroínas. Aliás, as protagonistas da série em nada lembram as já quarentonas Carrie, Samantha, Miranda e Charlotte. E fiquei muito feliz por isso.
Senti que as histórias que veremos em Girls serão mais realistas e com um humor mais punk. Nos 30 minutos do piloto, os sorrisos que esbocei não foram porque as cenas eram engraçadas, muito pelo contrário. É que as situações são mais próximas de nossa realidade, estando você em qualquer grande cidade do mundo tentando achar o seu lugar, seja ele profissional ou amoroso. E quando se coloca o humor nessa realidade gera certo desconforto. É como se você estivesse pensando: quem nunca?

O piloto foi centrado na personagem Hannah, fio condutor da série, que é formada em Letras, sonha em ser escritora e que acaba de perder a mesada dos pais e o estágio em uma editora. A centralização do primeiro episódio em Hannah foi talvez o único ponto negativo dessa estreia. Ficamos sem conhecer um pouco mais das outras protagonistas: Marnie, Jessa e Shoshanna. Só sabemos que as quatro são amigas e que a cidade de Nova Iorque, mais cinzenta e fria, será um personagem importante nos desenrolar dos dramas individuais que virão por aí.
Gostei do que vi. Achei o roteiro maduro, coerente com o propósito de retratar uma fase da juventude, afinal as meninas estão na faixa dos 20 anos, de uma forma mais realista, como já foi falado aqui. E o mérito é todo de Lena Dunham, a atriz que dá vida a Hannah, que é a criadora e roteirista da série, o que torna tudo mais autêntico.
Vou terminar o texto destacando uma das melhores cenas do season premiere, e que enterra de vez o papinho de Girls será a nova Sex and the City: a estudante Shoshanna, fã de Carrie e cia, pergunta para Jessa se ela também é fã da série, e se alguma das quatro a inspirou de alguma forma. No que a companheira de quarto responde: nunca acompanhei a série e nem vi os filmes!
Se eu fosse você dava uma conferida em Girls. Se não gostar, foram apenas 30 minutos. Agora, se gostar, vai achar, como eu, que a série merecia uns minutos a mais.
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