Olá pra você que sempre esteve acostumado com um calor de quarenta graus, mas que agora não tem roupas suficientes para suportar um frio de oito graus (ressuscitem a hashtag #MaisCalorParaXico, por obséquio). Fazia muito tempo que eu não falava de Glee aqui na #GONGSHOW que resolvi que era o momento de retomar o assunto.

Glee (particularmente os gleeks) e eu temos uma relação conturbada. Fui o responsável pela equipe que elegeu os fãs da série como os mais chatos de todos e por ter escrito o texto mais infeliz da história do Box. Sou um daqueles que defendeu ferrenhamente que Glee poderia aproveitar o gancho da morte do Cory Monteih e morrer junto também.

Mas Glee não morreu e, usando a filosofia de Adriane Galisteu, descobriu que no fundo do poço não tem um ralo e sim uma mola que te impulsiona para o alto. Taí linda, taí bela, rumo a sua sexta e última temporada. Ao que tudo indica, pode até encerrar sua carreira televisiva por cima da carne seca. Mas nada tirará a culpa da série criada por Ryan Murphy pelo desfavor que eles vêm causando à música mundial desde que estreou.
Isso a Globo não mostra!
Em um artigo que li recentemente, especialistas em música argumentam que a música moderna está simplificada. A título de comparação, basta escutar três versões da clássica Knockin’ on heaven’s door: a do Bob Dylan, a do Guns’n’Roses e a da Avril Lavigne. Da original à regravação percebe-se uma simplificação absurda no arranjo. Avril Lavigne meio que gleezificou a música.
Xico, o que é gleezificar?

Meu desavisado internauta, é um termo que eu mesmo alcunhei para explicar o que Glee faz com as músicas. Funciona assim: eles pegam alguma canção de qualquer gênero e transformam em uma pasta musical amorfa, plastificada e de fácil digestão para um público menos exigente. Nesse processo, deixam de lado qualquer apuro técnico, qualquer elaboração do arranjo. Aliás, elaborações de arranjo são o que o menos tem. Algo como aquelas versões em karaokês que fez tanto sucesso alguns anos atrás.
Quer um exemplo básico? Peguem a canção símbolo de Glee: Don’t stop believing. Essa é a versão que qualquer gleek ou quem viu a série de relance conhece:
Agora comparem com a versão original (1981) do Journey:
Entenderam? Penso que se Jonathan Cain, Steve Perry e Neal Schon, compositores da canção, imaginassem o que aconteceria com ela em 2009, jamais a teriam composto.
O fenômeno da gleezificação das músicas começou a fazer vítimas sérias. Thom Yorke, o líder do Radiohead, que o diga. A banda inglesa de extremo sucesso ainda não decretou oficialmente o seu fim, mas não há previsões de novos lançamentos. Não quero apontar culpados, mas Glee tem a sua parcela de culpa. O motivo? Veja o que fizeram com Creep:
Sempre que eu escuto essa versão de Creep tenho uma vontade absurda de ir até os estúdios em que é gravado Glee e perguntar se eles não têm um profundo peso na consciência por isso, se eles não têm vergonha de fazer isso…
E o fim do R.E.M., a minha banda preferida? Michael Stype nunca vai assumir isso, ainda mais porque ele foi eleito o cara mais legal do mundo. Mas ninguém me tira da cabeça que a dissolução da banda veio depois dessa caca fenomenal que o falecido Cory Monteith fez com a clássica Losing my religion. O Cory era de longe o pior intérprete de todos presentes em Glee. E é justamente essa anta a eleita para interpretar uma das canções mais emblemáticas dos anos 90. Stype, olha só o que você causou ao liberar os direitos para o seriado sobre sua música:
Sabe por que a Cyndi Lauper nunca mais conseguiu fazer o sucesso estrondoso dos anos 80? Simples. Porque o parquidérmico e pior cantor Cory Monteith fez isso aqui com a mais clássica das canções oitentistas sobre o feminismo.
E Amy Winehouse? Vocês acham que a inglesa morreu por causa do quê? Drogas? Abstinência? Nada. A pobre morreu de desgosto. Ainda mais depois disso:
Todas essas versões e muitas outras são impressionantes de tão ruins. Sério. Alguém ali do seriado deveria seguir o exemplo da Igreja Católica quando pediu perdão pelo massacre dos nossos índios fiéis e vieram a público desculpar-se pelo extermínio em massa promovido contra as inocentes canções. Para a nossa sorte e felicidade geral da nação musical, resta apenas mais um ano.

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