Rir das desgraças dos outros era a única coisa que me fazia sentir como se fosse igual a todos” — LANNISTER, Tyrion
Nós todos sabemos que Game of Thrones tem a tradição de fazer do nono episódio de cada temporada um evento espetacular. Por isso, é normal que os episódios que o antecedam sejam mornos. Mas diferente do que poderíamos esperar, o episódio desta semana foi consistente o suficiente pra deixar um marco nesta temporada.
Além do combate entre Oberyn e o Montanha, a trama de todos os outros personagens demonstraram propósito e rumo definido. Além das cenas finais, Sansa Stark foi uma grande e agradável surpresa. Foi necessário apenas um discurso para que a personagem demonstrasse a astúcia que faltou em diversos momentos. E não apenas a atuação e as falas da personagem se encarregaram disso, a mudança no figurino trouxe à tona uma nova personalidade para ela. Ao que parece, Sansa resolveu entrar de vez para o jogo dos tronos e isso só trará bons frutos.
Arya também teve seu momento que, apesar de curto, durou o suficiente pra mexer com as emoções daqueles que anseiam por uma reunião dos Stark. A reação dela à notícia da morte de sua tia não poderia ter sido melhor. Enquanto lidava com a frustração de não ter visto Joffrey morrer, a gargalhada da personagem extraiu todo o cansaço de não ver sua jornada chegar a um fim. Só nos resta saber se eles deram meia volta após a cena, distanciando-se mais uma vez de um encontro familiar.

Enquanto isso, na Muralha, fica cada vez mais difícil ter simpatia por toda a trama que envolve a patrulha e os selvagens. Toda a ameaça que eles representam para Westeros já não surte mais efeito de uma forma que você também duvida que faça para a patrulha.
Sabemos que o grupo de Ygritte está para chegar e, logo atrás dela, o exercito de Mance Rayder. Mas há uma tremenda falha na construção da expectativa para esse confronto que, quando ele chegar, pode não ser tão eficiente para a história como se prevê. Além disso, a falta de tempo de tela para Ygritte faz do acerto de contas com Jon Snow algo que não aguardamos com ansiedade. E isso prejudicará a personagem.
Deixando esse deslize de lado, é possível que todo o restante do episódio não tenha apresentado defeitos dignos de serem mencionados. Já faz alguns episódios que a Game of Thrones tem feito bom proveito de todo o seu elenco. Principalmente no que diz respeito à Daenerys.
Mesmo tendo cenas focadas em personagens que estão ao seu redor, nada disso impediu o desenvolvimento da personagem e suas atitudes diante de eventos que não envolvam libertar escravos. É importante que uma personagem do calibre de Daenerys seja capaz de mostrar mais de uma faceta. Por sorte, é isso que tem acontecido.
Logo antes de chegarmos ao evento principal do episódio, temos uma cena bastante importante entre Tyrion e Jaime. Embora todo o diálogo não sirva muito para a história, esse é um dos momentos que Game of Thrones faz bom uso de simbolismos e exigem da nossa intuição para compreendermos sobre o que os personagens estão falando.
Nós nunca chegamos a ver esse tal primo de quem eles passaram vários minutos falando e mesmo assim, a série sabe inseri-lo como um elemento importante para a narrativa. Mas o que mais importa na história não era a pessoa, mas suas atitudes.
Fazendo um paralelo com a própria série, Tyrion mostrou não entender sobre o instinto das pessoas. Mesmo tendo suas capacidades cognitivas prejudicadas, seu primo jamais perdeu o instinto de matar, seja lá pelo motivo que for.
E o que vemos logo em seguida é uma exemplificação dessa história. Oberyn não estava lá para ajudar Tyrion, ele estava lá pelo instinto de matar, para vingar a morte de sua irmã em um evento público que decidiria a vida de outra pessoa. Esse é o tamanho da a necessidade de sangue daquela sociedade.
Isso fez do julgamento por combate muito mais do que ele deveria ser. Esse mesmo instinto fez dele um combatente imprudente e prepotente ao julgar ter a batalha ganha. Um sádico lembrete de que o instinto sem astúcia pode te levar à morte.
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