O tema dessa semana em House é tão perfeito para a série que todos os grandes momentos dramáticos (via season finale) giram em torno disso: a relação médico-paciente, quando os médicos são os pacientes.
Foi assim quando o House quis fazer uma cirurgia nele mesmo; assim quando a Amber morreu e o Wilson tinha que tratar a mulher como se fosse só uma paciente; assim quando o Foreman ficou doente, quando o Chase foi esfaqueado num quarto do hospital, quando a mãe da Cuddy ficou ruim, etc, etc, etc…
No fim das contas, é isso o que guia todo o conflito nessa série — não se o House está pegando alguém, feliz da vida, ou não.
Assim, nada melhor do que colocar médicos no lugar de pacientes entre os dois personagens principais — se House nasceu inspirado em Sherlock Holmes, nada como um caso que coloque ele e Wilson juntos, caçando o rabo um do outro, para terminar a série. Claro, isso se o final da série for mesmo ao redor de um oncologista com câncer — vai ver o Wilson e o tumor dele vão terminar no próximo episódio e pronto.
Mas… é, vai saber…
Colocar uma linda menininha como paciente é 104% apelação, mas eu acho ótimo os pais discutindo quem ama mais a filha com base em cor favorita ou RH e tipo sanguíneo. O mais divertido é que a mãe está errada porque usa a filha de cobaia e quer tratar da menina mesmo sem distanciamento; e o pai está errado porque joga a menina no carrossel e na floresta e finge que a menina está super bem.

É divertido que ela seja uma mãe ruim porque quer manter a filha viva e ele seja um pai ruim porque quer manter a filha feliz. E, enquanto isso, a menina está maluca pensando que o atrito entre os dois por causa dela vai acabar separando os dois. Manda os três pro Casos de Família e você tem uma tarde com 12 pontos de audiência.
No fim das contas o Chase vira o líder da turma e acaba adivinhando a solução pro caso de um jeito tão absurdo quanto quando o House conversa com alguém em chinês ou alguma outra coisa assim — claro que é possível, mas… não é como se a gente pudesse ver de onde veio.
Além de todo o drama, pela primeira vez, os próprios personagens deixam claro o motivo pelo qual a série vai terminar sem ninguém gostar da Dra. Adams.
Ela tem o papel chato de ser a mulher da equipe, que é sempre a personagem encarregada de defender a ética, a moral e os bons costumes. Mas ela não só não tem todo o charme e o carisma que a Cameron tinha (ou até a Masters…), como também, parafraseando o Dr. Taub: “ela é nova”.
Talvez o mais interessante seja o meio da noite de tormenta do Dr. Wilson quando ele encara toda a ontologia da doença dele dizendo que, se ele fosse uma pessoa horrível como o House, sofrer tudo aquilo pelo menos faria sentido. É até chocante, na hora, mas não é exatamente inesperado.
Vários episódios magníficos da série deixam claro o quanto o Wilson é muito brother, mas está sempre tentando baixar a bola do House — como em Cane & Able, na terceira temporada — ou falando com todas as letras que ele só traz desgraça pra todo mundo — como quando a Amber morre.
Agora são só três episódios. É bom que isso tudo valha a pena.
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