Não foi o episódio que a gente esperava. Nenhuma grande emoção, nenhum grande evento, só uma sequência de sessões lamuriosas de autoajuda.
O episódio fala sobre como nós lidamos ou devemos lidar com a morte — mais com a morte dos nossos entes queridos do que com a nossa própria morte, que seria o foco se a série se chamasse Wilson ao invés de House.
Também é um episódio para falar de doenças psicossomáticas, que são tratadas de um jeito praticamente sobrenatural — House não acredita em coincidências, não acredita em Deus… não vai acreditar que os nossos sentimentos reprimidos podem nos matar. Mas o assunto meio que passa batido, porque ele está muito ocupado lidando com a futura morte do amigo dele.
A verdade é que o episódio passa por muitos assuntos sem se aprofundar em quase nada, porque a função dele é preparar tudo para o final da série. A sensação é a de estar assistindo ao episódio 2 de Star Wars: você tem muita história para contar e pouco tempo para contá-la.
O penúltimo episódio de House nada mais é que um momento para desenvolver todos os eventos que vão culminar no episódio final.
No caso, isso significa mostrar como e porque Wilson decide morrer House decide aceitar. Mas, mais importante que isso, o episódio serve para mostrar porque os meses finais da relação entre os dois não vai poder ser emocionante e agradável como eles tinham imaginado.

Nesse ponto, é bom notar que, apesar de ter acabado com a dignidade da série, todas as pegadinhas e brincadeiras e molequices que o House praticou durante toda essa oitava temporada tiveram um significado. Em um roteiro bem escrito, tudo o que faz parte dos grandes acontecimentos da história, deve ser introduzido desde o início.
Você não pode criar um mistério durante o filme todo e concluir dizendo que o segredo por trás de tudo era: “ele tinha um irmão gêmeo, mas ninguém sabia!” Você acaba com a credibilidade da história. Durante toda essa última temporada, House fez as coisas mais idiotas e infantis e que não faziam muito sentido dentro do personagem que nós conhecíamos.
A melhor interpretação deve ser a de que, depois que ele foi preso, ele ficou maluco. Mas o importante é que, quando ele encheu todos os banheiros do hospital com ingressos caríssimos para jogos dali a seis meses, nós já tínhamos um pequeno histórico de babaquices que o doutor praticou ao longo dos últimos episódios.
Vários momentos dramáticos, como o Wilson chorando e o House mandando frases de efeito pouco condescendentes (e caminhando em câmera-lenta em seguida), ou o cara estrangulando o próprio paciente só pra provar que todo mundo quer viver. Mas talvez o mais importante seja a frase que define toda a existência da série:
Você passou a vida toda procurando pela verdade, mas às vezes ela é simplesmente uma merda”
Só é triste que essa fala tão importante tenha sido gritada pela Charlyne Yi segurando uma bengala, como se fosse uma velha maluca (Dona Neves style).
O problema com um final dramático em House é que nós já lidamos com muita coisa tensa nessa série — gente morta, corações partidos, despedidas, esfaqueamentos, prédios desabando e (num curtíssimo período de tempo) atores se fazendo passar por pessoas especiais em momentos emocionantes.
Então, quando chega o final da série, matar o Wilson já não é lá tão terrível assim. Principalmente se, em cima disso o House vai ser mandado pra cadeia de novo.
Nós já vimos de tudo. Só falta esperar que o final esteja à altura de tudo isso.
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