
Com a chegada dos X-Men aos cinemas o universo mutante ultrapassou os leitores de HQs e alcançou um público novo, que passou também a admirar aqueles personagens belos, poderosos e, acima de tudo, esperançosos de um mundo e igualitário.
Acompanhamos, então a saga dos alunos do Professor Xavier suas idas e vindas no tempo, cores, força e — sempre — a perspectiva de um futuro mais justo. Por tudo isso, na maior parte do filme, Logan não parece ser “mais um filme de super heróis”.
A verdade é que este não é “mais um filme” e sim o capítulo final da história de um personagem (assim como Batman na trilogia de Christopher Nolan).
Tudo em Logan nos remete ao desgaste. Desde a caracterização do personagem principal, à fotografia pálida, os cenários deteriorados e também a trilha sonora. Os personagens estão constantemente cansados e abatidos enquanto o público torce para uma reviravolta digna (e típica) dos X-Men. Algo que não acontece, mesmo no clímax do filme.
Enquanto no início da franquia havia vigor na luta por uma vida fora das sombras, aqui os personagens já se habituaram a ela. Os poderes que antes eram como uma dádiva, agora são carregados como um fardo, quase incontroláveis, um perigo para si e para os outros.
Em um mundo onde os (antes tão admirados/temidos) X-Men não passam de ficção em HQs, não existe mais espaço para que os mutantes queiram se expor. E a metalinguagem, embora pareça estranha no início, transforma-se em uma ferramenta interessante ao definir o trágico destino daquele grupo.
É preciso ressaltar (e aplaudir de pé) a linguagem não verbal de Hugh Jackman ao transparecer em cada respiração a fragilidade de Logan. O mesmo acontece com Patrick Stewart que nos presenteia com um Professor Xavier cujo corpo não mais acompanha a potencialidade de seu cérebro genial. A tocante relação entre Xavier e Logan enche o ambiente de nostalgia, como se a cada palavra trocada houvesse reconhecimento, cumplicidade e, sim, despedida.
E há também Dafne Keen com seu olhar expressivo, atuação contida e agressiva que muito nos lembra o Wolverine que conhecíamos nos filmes anteriores. E por mais que a ideia de uma “criança problema” estabelecendo laços com um “adulto durão” pareça clichê, em Logan essa relação aconteceu de forma orgânica e crível.
Mesmo não sendo perfeito em 100% do tempo, Logan cumpre — com maestria — seu papel e nos entrega uma despedida digna para o Wolverine de Hugh Jackman. Logan trata sobre finitude, quando se sobrevive a todos aqueles que um dia foram importantes ou a tudo o que alguma vez se acreditou. É sobre quando se adquire sabedoria suficiente para saber a hora de dizer adeus.
E quem diria que, um dia, Wolverine faria uma sala de cinema chorar.
Ps1.: É com alívio e tristeza que confirmamos não haver cena extra no fim dos créditos.
Ps2.: Quem ficou brincando de “Onde está Wally” e quebrou a cara ao saber que Stan Lee não participou desse filme?
Ps3.: “Até parece que foi a Shonda que escreveu esse roteiro.” (comentário, entre risos e lágrimas, após o término do filme).
Ps3.: “Até parece que foi a Shonda que escreveu esse roteiro.” (comentário, entre risos e lágrimas, após o término do filme).
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