Héteros não precisam se preocupar em atirar água na bunda antes de transar.” — MURRAY, Patrick
Bem, isso é o que ele pensa. Que bom que o nosso sempre antenado e pontual Agustín estava lá para rebater essa afirmação. Looking está ousando cada vez mais no seu texto e isso é ótimo. Oxigena a série e faz com que o público fique mais no aguardo de ser surpreendido pelo roteiro. Se todos os temas abordados neste episódio poderiam ser fáceis alvos de constrangimento, Looking Top to Bottom simplesmente inverte o jogo e busca orgulhar-se e escancarar todos eles.
O humor, claro, ficou por conta de situações extremas bastante relevantes: primeiro o “enema”, que aqui na terra do Pau Brasil é conhecido por outro nome. O Patrick, rei da neura, ainda fica encanado com a sua orientação sexual. Em São Francisco. Difícil de acreditar ou não, foi ótimo ter visto a ironia da caixa da farmácia, que deu aquele empurrão de sempre, sinalizando que o Patrick precisa desencanar.
O Agustín tendo uma atitude nobre me bateu como uma surpresa. A visita dele para o Richie na barbearia seguiu o roteiro de uma oração: primeiro agradecer, depois o perdão e por fim pedir. Como parte da nova pessoa que ele quer ser, Agustín, agradeceu a preocupação de Richie quando o levou para casa, confirmou ter sido um idiota no piquenique e ainda ganhou um tapa na barba.

A verdade é que muitas vezes, demora para que a gente perceba que estamos trilhando caminhos errados. A redenção do personagem na segunda temporada, sem dúvida, passará por recaídas e tropeços, mas é importante ter a consciência do apoio de amigos e estranhos. Este foi um dos poucos momentos na série em que Agustín deixou de ser insuportável para ser um pouco admirado.
Um momento muito especial foi quando o Dom “descobriu” que héteros também fazem “sexo gay”. A Doris é sem dúvida essencial na série, rouba a cena sempre que aparece e arranca risos mesmo nos climas mais densos. No começo, achei que o Lynn estivesse incomodado com ela na cama, mas depois que ela contou a história da sua noite anterior… Como ficar irritado?
Apesar do Lynn ser super legal, dá para perceber a necessidade que ele tem de cuidar do Dom como se fosse uma criança. Uns dizem que preocupação pura, outros dizem que é obsessão por controle. Nos relacionamentos, é comum alguém cortar as asas dos sonhos de alguém ou fazê-las crescerem. O momento dramático da “D.R.” deles dois foi espetacular porque Looking está muito cheia de alegria ultimamente.
Se o Kevin é mesmo o lobo que nós estamos pensando, merece aplausos por se disfarçar tão bem de cordeiro. Fez uma presença ótima lá no jogo de rugby, deixou o Patrick louco de amores (como não ficar depois dele ter conquistado todos os amigos do cara?) — ficou vendo desenho no sofá, de conchinha e deixou o Patrick ser Rachel. Ou será Ross? [ver quinto episódio da primeira temporada].
Kevin, naturalmente, pode liberar algumas horas de seu dia num final de semana ou outro, mas não poderia fazer isso com a totalidade do seu tempo nunca, pois está comprometido com outro homem. Depois da noite de conto de fadas, a realidade bateu a porta com a ligação de Jon. Aquele olhar do Patrick que encerrou o episódio foi fatal para nós que torcemos para que ele se dê bem… O que será que vem a seguir para ele?
Ele está viradão no chefe. Prova disso foi aquela cena em que Kevin explica que precisa casar-se nos próximos dois anos se não será mandado de volta para sua pacata cidadezinha na Inglaterra. Logo depois, ele pergunta: Vamos? — e Patrick, de mãos atadas: O que?. Já estava tão alto com a presença do garanhão que mal sabia onde estava, por que estava e tudo mais. O cara está precisando de um pouco mais de autoestima. No mais, foi um episódio que pareceu um pouco vazio, mas ainda assim, agradável de assistir.
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