– Continue fingindo, este é o seu trabalho.” — CHAMBERS, Dawn.
Dirigido por Michael Upperndahl e com roteiros assinados por Jonathan Igla e Matthew Weiner, este segundo episodio, A Day´s Work, propositalmente conduz a narrativa de forma oposta ao episódio passado, começando com uma situação que classifico como vergonha alheia a um final, digamos, justo e esperançoso.
Com um roteiro divido em dois núcleos, o primeiro focado nos membros da agencia SC &P e o segundo núcleo focado na rotina sem trabalho de Draper, Jonathan e Matthew acertam ao darem resolução — ou continuidade — em alguns dilemas de seus personagens, como a situação de Joan dentro da agencia, que acaba ganhando uma Sala, já que a mesma atende a conta da Avon, e ao relacionamento entre Don e Sally — que me aprofundarei nos parágrafos mais abaixo -.

Porem o grande mérito deste episódio é a critica racial e social por traz das linhas.
Trazendo elementos típicos das rotinas de escritórios como bate-papos na copa, chefes indiferentes gritando, piadas entre empregados, o roteiro nos mostra como a luta pelos direitos civis igualitários foi — e é –de extrema importância. Notem, leitor, que Dawn e Shirley são as únicas funcionárias negras no escritório, e por terem este elemento em comum, — além dos fatos de serem mulheres e secretárias- as mesmas trocam piadas internas referentes aos funcionários racistas e indiferentes quando se encontram na copa e uma cumprimenta a outra trocando os seus nomes. Sensacional!
Porém as criticas implícitas não param por ai, Peggy, que inflada pelo ego, e pela amargura, mal notou que o lindo buque de rosas vermelhas era na verdade de sua secretária e não dela. Reparem que aqui a questão é social, pois, para conseguir ser uma profissional de sucesso, Peggy teve que sacrificar toda a sua vida social (um pensamento que foi perpetuado até a década de 90), e isto é algo que a machuca, pois a mesma esta literalmente só, sem a presença de Ted e com um chefe indiferente aos seus talentos, e sua atitude infantil e mesquinha com Shirley é apenas o lapso dessa ebulição emocional que a mesma se encontra.
E é na mesma ebulição emocional que encontramos Don, um workholic, que apenas por habito coloca seu despertador para tocar as 7hrs da manhã para desliga-lo e levantar após as 12hrs e se arrumar mais tarde para receber sua secretária com noticias da agencia, que não atua mais.
E é em meio a esses momentos que somos surpreendidos com a surpresa do episodio. Sally Draper!
É louvável que ao longo dos anos, uma personagem infantil tenha ganhando tanto destaque em uma serie adulta.
Reparem que a expressão corporal da atriz Kierna Shipka esta mais segura e madura, desde o caminhar até a forma de sentar ou medir o pai. A cara que a mesma faz quando encontra Lou na sala que era do seu pai (“- Eu sou Sally Draper, meu pai é Don Drapper!”)é de um trabalho riquíssimo de preparação de atores.
Sally é a consciência de Don, ela é a personagem que o pega na mentira, que o deixa desconfortável, que o julga e não aceita suas atitudes levianas, mas que nos momentos menos esperados consegue ser terna e com um simples “Eu Te amo!” consegue esboçar em nos, espectadores, e em Don Draper, um simples e esperançoso sorriso.
E você leitor, o que achou deste episódio? Conte para nós, aqui embaixo, nos comentários.
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