Você está de volta? (…) Não posso dizer que sentimos a sua falta.” OLSON, Peggy.
Não podemos negar, caro leitor, que Matthew Weiner é um escritor habilidoso no que se refere a criar, e além de mostrar, se aprofundar nas emoções mais humanas.
Após a onda de esperança do último episódio, com o lindo “Eu Te amo!” de Sally Draper, Weiner, assinando o roteiro junto com Heather Jeng Bladt nos mostra que, na verdade nem tudo está tão bem assim, tanto para Don, como para Betty.
Com o título do episódio em evidente referência a excursão escolar de Bobby ao campo, podemos afirmar em decorrência dos resultados que Betty (seja pelas divergências da atriz com os produtores ou por decisão criativa) é a personagem que em essência menos evoluiu durante os sete anos da série e que continua aquela menina mimada, assustada e que na primeira temporada tinha como seu melhor amigo o filho da vizinha.

Ao tentar mostrar para si mesma, e analiso, principalmente para os outros que pode ser uma boa mãe, Betty decide se juntar como um dos pais responsáveis a excursão de seu filho, porém o passeio não sai como o planejado quando inocentemente Bobby troca o sanduiche da mãe por um saco de balas. Com este motivo tão ingênuo, percebemos de fato o quanto Betty não se encaixa na vida que escolheu como dona de casa e mãe e não consegue lidar com estes simples conflitos de forma madura e adulta, fazendo –a parecer mais crianças que os próprios filhos.
E é aqui leitor, que mora a pegadinha, pois dependendo do seu repertorio cultural, político e social há duas possíveis leituras: A primeira é que ao mostrar esta inabilidade materna e social de Betty nos anos 60, Weiner e sua equipe estejam criticando o padrão americano de que mulheres devem casar, cuidar da casa e dos filhos, quando de fato, muitas delas nem estão maduras e preparadas psicologicamente para isto (esteve no ar Desperate House Wifes mostrando bem estas questões). Ou a segunda e possível leitura é que Betty é realmente uma personagem infantilizada, fútil e que se importa mais com sua aparência e status social, o que de certa forma, também pode ser visto como uma crítica. No fim leitor a escolha será sua.
Don também teve sua viagem ao campo, porém de forma mais metafórica, e como diz o velho ditado de que “na guerra e no amor vale tudo”, acrescentamos na frase “nos negócios” também, pois ao finalmente ser confrontado por Megan, Don revela que esta afastado da SC & P, e é na dualidade de ser magnifico e ao mesmo tempo eticamente reprovável que Don arma um estratagema para cima de Roger que o convida a voltar a agencia.
E aqui temos um lindo trabalho da parceria de Weiner e Bladt no roteiro. Don recebe a mais estranha das recepções. Pelos subalternos, que o veem com um gênio da Publicidade é recebido de forma calorosa e amável, porém o mesmo não pode ser dito dos sócios da agencia e é interessantes analisarmos que de fato, quando há poder e dinheiro envolvido nas relações, elas podem ser alteradas de uma hora para outra, pois não é de admirar, apesar de ser triste, que Joan e Peggy, amigas de outros tempos o recebem de forma fria e indiferente.
A equipe de continuidade (que pouca gente se lembra) também tem destaque neste episódio. Pois percebam como aos poucos a sala que no início do dia estava cheia de funcionários da agencia, vai aos poucos ficando vazia com o passar do tempo, exemplificando o passar do dia e o quanto foi difícil a decisão do Sócios de chegarem a um acordo se Don Draper ficaria na agencia ou não.
A direção de Christopher Manley também é louvável com seus eclipses temporais e os cortes secos e câmera em slow motion durante a reunião entre Don e os sócios, que em excelente interpretação corporal de John Hamm, apenas expressando a angustia e raiva em seu olhar ao serem ditas as condições para seu retorno, e de fato, ao perceber que seria aceitar tais condições ou deixar a agencia que ajudou a criar que, de forma inesperada e humilde ele aceita voltar tendo o mesmo nível hierárquico de Peggy. É de fato a queda final de Don Draper.
E você leitor, o que achou deste episódio? Será que Don não tinha uma saída ou será só mais um estratagema dele?
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