Este é um pequeno passo para o homem e um grande passo para a humanidade” ARMSTRONG, Neil.
Este, caro leitor, é um episódio excelente que não só trata de forma coesa o rumo dos personagens até aqui, como também consegue de forma brilhante trabalhar com as barreiras propostas pelas distribuidoras e ainda prestar uma homenagem a um de seus maiores atores.
Para apreciarmos este episódio, co-escrito e dirigido pelo showrunner como um todo, temos que ter em mente que, por decisão da AMC, assim como fez com Breanking Bad, a emissora exigiu que a série fosse dividida em duas partes com 1 ano de intervalo entre elas, o que por si só já torna o trabalho da produção uma verdadeira batalha, já que a equipe tem que entregar um episódio condizente com o mid-season finle, mas sem entregar todo o seu potencial e ainda deixar a sua audiência com um gosto de quero mais. E em se tratando deste seriado em especial, que é baseado nas relações humanas, sem grandes pirotecnias, como isto seria possível?
Weiner, caros leitores, nos dá essa resposta de formas evidentes (e outras nem tanto), primeiro conseguindo neste episódio reunir todos os personagens relevantes à narrativa e iniciando o episódio com o mundo acompanhando a chegado do homem à Lua e os impactos que isto causa na rotina de seus personagens. O título do episódio é outra evidência à parte, referenciando a Batalha de Warteloo, ocorrida em 1815 e que levou à queda de Napoleão.

A batalha que levou a derrota o Imperador francês, que foi até citada pelo próprio Bert Cooper, torna-se referência à queda inevitável de Don Draper, já que Jim Cutler encaminhou, sem ninguém saber, uma notificação demitindo Don da Agência. A batalha já citada acaba servindo como metáfora à breve vitória de Don sobre Cutler, porém, sua possível queda com a incapacidade de liderar de Roger Starling.
O diálogo entre Bert e Roger é memorável, e na adrenalina raivosa de manter os seus ao seu lado, seja por lealdade ou na tentativa de provar que pode ser um bom líder, é que Roger garante a permanência de Don fundindo a agência como braço direito da grande McCann, o que poderá futuramente ser um grande tiro no pé.
O casamento de Don também não aguentou e perdeu essa batalha. A narrativa ao telefone entre Megan e Don foi memorável por ser crua e realista. E cru e realista também é o crescimento de Sally Draper, em excelente performance de Kieman Shipka, que a cada dia está mais parecida com a mãe.
E a morte, que sempre rondou a série desde a sua gênese — afinal, para nascer o Don Draper que conhecemos o verdadeiro teve que morrer -, leva Bert Cooper, talvez com menos drama que os outros (Lane, o irmão de Don por exemplo) mas não sem impacto. E podemos até concordar que o episódio poderia terminar com Don dizendo “ -Vou trabalhar!” e descendo as escadas, porém Weiner mostra toda sua maestria em não ser óbvio e, sim, ousado.
Em uma linda homenagem em vida ao ator Robert Morse, que iniciou sua carreira não na TV mas na Brodway, é que presenciamos um Bert Cooper de meias cantando e dançando, cercado por bailarinas/secretária The Best Thing in Life Are Free, que reúne em uma única letra citações à Lua e à simplicidade da vida.
De fato, se este fosse o último episódio, eu não irei reclamar, porque foi lindo de ver esta obra prima e nos leva a refletir que de fato as melhores coisas na vida são de graça.
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