Pelo amor de Deus, meninas, o buraco não fica dentro de outro buraco!” — BURSET, Sophia.
Orange is the New Black é uma série que existe para surpreender o espectador. Vejam o meu caso, por exemplo: toda vez que assisto um episódio, acho que saquei o plot, que tô super por dentro da série e adoro tentar adivinhar o que vai acontecer. E pra que isso, gente, pra quê?! Pra dar com os burros n’água e ficar com cara de trouxa quando for escrever a próxima review. Só assim para exemplificar o quanto me surpreendo com cada episódio de OITNB e, fiquem sabendo, a temporada só melhora. Um plot mais incrível que o outro e uma personagem mais carismática que a outra. Obrigada por isso, Jenji Kohan, muito obrigada!
Sem mais enrolação, o quarto episódio dessa temporada, A Whole Other Hole (O Buraco é Mais Embaixo, na tradução) puxa a evolução de um drama que começou no episódio 2×03, com o anúncio do casamento do suposto noivo da Morello. A perspectiva de Hugs Can be Deceiving é toda da noiva abandonada, o que acaba nos fazendo julgar — eu julguei, pelo menos — loucamente esse malvado desse Christopher que abandonou a coitada da moça só porque ela está na prisão.
O baque de ver as coisas dentro do contexto em que elas realmente aconteceram é forte e traz uma imagem da Morello que poucos imaginariam: uma mulher seriamente perturbada, capaz de criar fantasias grandiosas e se entregar a elas, sem medir qualquer consequência. Não digo com isso que deixei de gostar da personagem ou acha-la adorável, pelo contrário, gosto dela mais ainda com todos esses problemas. Os conflitos de Morello são típicos dessa geração pós Crepúsculo e Facebook, onde valores são colocados em prova todos os dias para melhor atenderem à imagem que as pessoas querem que o mundo tenha delas. Morelllo está com a vida despedaçada, mas para o mundo ela é linda, está passando pela prisão de cabeça erguida e, em breve, se casará. O que importa, afinal, é o que aparenta ser, não o que realmente é.

O episódio traz, ainda, outros plots menos tensos, como a hilária dúvida de Taystee e sua turma sobre de onde vem o xixi, afinal de contas, e o empreendimento de Piper em resgatar todos os seus antigos pertences, que foram tomados pelas outras presas no período em que ela ficou em Chicago e na solitária.
A questão da anatomia feminina é trabalhada de forma engraçadíssima, com Sophia, sempre diva, dando uma aula fenomenal, com ilustração e tudo. O corpo feminino há muito tempo é objeto de um tabu, mulheres não conhecem seu próprio corpo e a série aborda isso de uma maneira leve e divertida, mandando uma mensagem bem educativa: conheçam seu corpo, saibam onde fica cada coisa, se vocês não se conhecerem bem, quem conhecerá?
Já o plot de Piper traz alguns pontos interessantes à tona: sua companheira de cela agora é Red, que há doze anos não dividia a cela com ninguém; Piper está cada vez mais calculista, sendo capaz de negociar Soso com Big Boo por causa de um cobertorzinho; e ela não leva mais desaforo pra casa, pelo menos não se puder evitar. Parece que todos os golpes que a personagem sofreu finalmente a estão fortalecendo e nós só temos a ganhar com essa evolução. Gosto muito mais da Piper quando ela está irritada e impaciente, o olhar de Taylor Schilling nessas cenas é fenomenal.
No mais, o episódio traz ainda a evolução do interessante jogo que Vee está fazendo. Associo um pouco à tática de destruir para conquistar. A interferência dela na amizade entre Taystee e Poussey não foi exatamente sutil, mas funcionou que foi uma beleza. Uma rachadura foi feita e agora ou Poussey toma uma atitude ou terá muito a perder, a começar pela amizade íntima que tem com Taystee. E o que a Vee ganha com isso? Ela enfraquece a P., que já tinha dado uma rejeitada básica nela e, se der sorte e for engenhosa, faz a moça mudar de ideia e resolver vender a birita mágica. O mais incrível é observar como Vee arma essas tramoias usando, na maioria das vezes, apenas informações que Crazy Eyes lhe passa. Nossa querida Suzanne, que é tão menosprezada pelas outras, é uma arma fortíssima nas mãos de Vee.
Do outro lado da ‘esfera de poder’, temos Red, descobrindo que jardinagem pode trazer algumas vantagens para uma mulher presa, como esconderijos inesperados e sabe-se láo que mais essa mulher está planejando. Com a Red nunca dá para prever. Fiquei curiosa pra saber, ainda, se a Piper vai acabar se envolvendo nos rolos da megera russa, até porque a Piper anda meio mortinha desde o episódio 01. Tá muito coadjuvante.
Um ótimo episódio, cheio de surpresas e ótimas piadas. O melhor da temporada até aqui. Só posso dizer pra vocês que está difícil segurar o vício e ver apenas um por semana. Se for como a temporada passada, a tendência é só melhorar!
Em tempo:
– Não compro essa ideia de presa dirigindo furgão e ficando não sei quantas horas sozinha no estacionamento. Como não foge, gente?!
– A Nicky tem um caderno de fodas! (hahahahahhahahahahahah) e eu, super na inocência, achando que ela sentia falta da Morello. Cumpadi Washington ri e aponta, apenas.
– Eu também revirei os olhos em todos os momentos em que Soso abriu a boca. Te entendo Piper. Eu também ia preferir o cobertor.
E é isso aí, povo. Até semana que vem!
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