Evangeline Lilly apresenta seu lado escritora no sombrio Os Molambolengos, história infantil com pitadas de Neil Gaiman.
Não há nada que mais nos agrade do que uma criança selvagem” — ESPETÁCULO, Elias.
Quando se anunciou que Evangeline Lilly, a eterna Kate de Lost, viria ao Brasil durante a CCXP divulgar seu livro infantil Os Molambolengos, duas perguntas surgiram na mente de muitos: Evangeline escreve? Que tipo de livro tem o título de Os Molambolengos?
Esse é o primeiro livro da atriz. Durante seu painel, Evangeline destacou todo o seu processo criativo e mostrou que o nascimento de seu filho teve grande influência no fato dela querer contar uma história o mundo. Por isso, ao folhear as páginas da obra, dá para perceber todo o cuidado que ela teve com esse que é, de certa forma, outro filho.

Sobre o título, Os Molambolengos, é de se esperar que cause algum estranhamento. Lembra o nome de algum bloco de carnaval. Diga-se que a tradução é extremamente feliz e bem acertada.
Originalmente, o livro de chama The Squickerwonkers. Wonker seria uma pessoa meio lelê, meio aérea. Squeaker remete a fazer barulho. Juntos não fazem lá muito sentido, mas têm sonoridade. Wonker é pejorativo também, bem como “molambo” (mulambo). Logo vem o “lengo”, “molengp”, que remete a uma canção infantil “Lenga molenga”, um brincadeira de palmas.
Logo, o título não poderia ser mais apropriado e precisou de um extenso trabalho de pesquisa. Palmas para a tradutora Bruna Beber. Créditos também para a tradução do livro todo que se atentou em manter o jogo de rimas proposto no texto original, sem perder a qualidade. Bruna é poeta e isso é visível no cuidado do texto traduzido.
Com prefácio de Peter Jackson (O Senhor dos Anéis, O hobbitt), Os Molambolengos conta a história de Selma, uma garotinha esperta, mas muito mimada. Certo dia, ela encontra, por acaso, uma colorida banda de marionetes, os tais Molambolengos do título, que vão ensiná-la que nem sempre as coisas acontecem do jeito que ela quer.
A trama caminha por caminhos bastante sombrios, bem parecidos com os já trilhados por Neil Gaiman. A referência à Coraline é evidente, mas não enfraquece a obra. Pelo contrário, a deixa bem interessante para os leitores. As ilustrações de Johnny Fraser-Allen acrescentam um vigor visual ao mesmo tempo encantador e assustador a essa fábula.
A edição da editora Aleph é prodigiosa. Bem acabada, de capa dura, traz a versão original, com pouquíssimas mudanças. Bem atrativa e vendável. Muitos adquirirão o livro seja por pela edição belíssima, seja pela Evangeline, seja por seu uma opção de presente para crianças. O problema não é nem tanto na forma física do livro, e sim em seu conteúdo.
Vendida como uma fábula infantil, Os Molambolengos pode assustar os menorzinhos. Sem entregar muito do enredo, diga-se que o castigo impetrado à Selma por seu comportamento mimado é bem mais pesado que uma simples lição. Já os adultos vão apreciar a rápida trama justamente devido ao seu desfecho, que beira o lirismo.
Por ser seu primeiro livro, Evangeline saiu-se muito bem e mostrou que seu talento não se resume a séries e filmes. Vale a pena a leitura!
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