Sombrio eu ouço; e por muito tempo
Meio atraído pela suave morte,
A chamei com nomes doces nas rimas,
Para arrebatar meu fôlego calmo” — Ode a um Rouxinol, Keats
E com as belas palavras do poeta romântico John Keats eu abro a review do melhor episódio da série até agora. Tão bom que poderia perfeitamente ser o piloto da série, se a história pautasse apenas na história de Vanessa e Mina. E o romantismo cai muito bem à Penny Dreaful, uma vez que para o amor romântico, de poetas como Paul Verlaine e Edgar Alan Poe, a morte é a melhor amante. Para estes poetas, o amor doí e mata.
Fixada na história de Mina e Vanessa, o roteiro da série entrelaça mais uma vez a já conhecida fábula do conde Drácula e sua amante, Mina, com a história criada para o série. Vanessa seria uma analogia à Lucy, amiga de Mina, que vive uma paixão platônica pela amiga e acaba que por ir para a cama com Jonathan, o amado de Mina. Este mesmo Jonathan que aparece no remetente das cartas de Vanessa.
Assim, Vanessa e Mina são amigas de infância, que vivem a ilusão da vida perfeita no litoral inglês. Aristocratas, ricas, bem criadas, as duas se consideram irmãos, mas Van sabe que há algo de errado com ela. Algo a leva para o lado negro da força. Van tende ao sombrio, e, apesar do amor que sente pela amiga, não é capaz de aceitar que a amiga possa ter amor antes dela, de ter um homem antes dela. Inveja, despeito, luxúria. Vanessa guarda estes sentimentos em relação à amiga como mais um segredo, naquele lado sombrio de sua alma.

E quando há o rompimento da amizade com Mina, Vanessa se entrega à este lado sombrio de corpo e alma. Ela “adoece”. Ela se vê perante ao demomonde, ela se entrega ao mundo das sombras e o aceita como parte de si. Ela começa a ouvir vozes, que não são de Deus, ela se encontra com o Príncipe das Trevas e se entrega à ele, literalmente. Vanessa conhece o mundo que levou Mina. Conhece profundamente as artimanhas do mundo de seres à sombra da vida.
Sabemos que Mina se envolveu com o mestre. Drácula é chamado de mestre por seus discípulos. E Mina se casou com Jonathan, e, se for como na história original, Drácula realiza um ritual no qual ele fica unido à Mina pela eternidade, numa espécie de casamento das trevas. A missão de Van Helsing, e agora de Mr. Murray e Vanessa, é libertar Mina desta maldição. Mas será que Mina quer ser liberta mesmo? Ou Drácula vai dar um passo à frente e evocar Amon e Amunet para iniciar o apocalipse na terra?
Apesar de os demais personagens terem ficado de fora deste episódio, a série ganhou um folêgo muito interessante: o que estava por trás de Vanessa e Mr. Murray foi revelado, e, olha… éo melhor arco que foi apresentado, melhor até que o de Dorian. A série tem tudo para ir muito longe ainda, principalmente se mantiver as histórias complexas e entrelaçadas.
Destaque total e absoluto para Eva Green. De Bond Girl à possuída pelo príncipe das trevas na TV foi um salto e tanto. E este episódio só deu certo pelo talento dela. Vários momentos de terror verdadeiro, além do suspense que foi impresso pela trilha e pela luz. Merece todas as premiações que vierem. Agora sim, 5 estrelas para a atuação. Era uma atuação assim que eu esperava para dar todas as minhas estrelas. Nasceu, para mim, uma nova diva da TV.
No próximo episódio, What Death Can Join Together, a última visão de Vanessa levam Malcolm, Ethan e Sembene a explorar um navio em busca de Mina. Enquanto isso, Van Helsing revela ao Dr. Frankenstein mais detalhes sobre a criatura que levou Mina. Mais tarde, a noite de Vanessa com Dorian liberta algo obscuro dentro dela. Fiquem com o promo e até a próxima semana.
P.S: Só eu que tenho a impressão que Peter não morreu?
P.S.1: Era yorubá a íngua falada por Sembene e Mr Murray? Se sim, ainda veremos muito mais de África na série.
P.S.2: Mais um personagem de A Tempestade de Shakspeare é citado na série, Ariel, que é um espírito que movimenta o primeiro ato da peça com suas intervenções mágicas.
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