O triste não é morrer, mas sim não viver intensamente.” — Benito
Quando me propus a escrever essa coluna, não me veio outra série que não Polseres Vermelles. Primeiro, porque não é muito conhecida aqui no Brasil, e dificilmente alguém teria a curiosidade de vê-la por acaso, por ser uma série espanhola em idioma catalão (esse é meio que o segundo motivo).
Para falar de Polseres Vermelles é quase que imprescindível contar a história de Albert Espinosa, o criador e roteirista desse drama. Por quê? A série é livremente inspirada em seu livro, O Mundo Amarelo (publicado no Brasil pela editora Verus), que por sua vez traz experiências de vida do autor, além de contar um pouco sobre o que é o Mundo Amarelo (só lendo pra descobrir).
Quando tinha 13 anos, Albert foi diagnosticado com câncer. Daí então teve que amputar uma perna, perdeu o pulmão esquerdo e parte do fígado. Depois de 10 anos saindo e entrando em hospitais, quando disseram que já estava curado, Albert descobriu que havia aprendido uma lição com a doença: O triste não é morrer, mas sim não viver intensamente. E é basicamente esta ideia que resume a proposta de Polseres Vermelles. Aos seus personagens, Albert Espinosa transfere toda experiência e aprendizagem vivida enquanto enfrentava o câncer.

Ao contrário da maioria das séries ambientadas em hospitais, que são protagonizadas por médicos e profissionais da saúde, aqui o elenco principal é composto por jovens pacientes de 10 a 15 anos, que vivem na ala pediátrica do Hospital Miramar. Polseres Vermelles aborda a vida de cada um desses jovens e seus problemas particulares (de saúde ou não).
A história é narrada por Roc (Nil Cardoner), que há dois anos está em coma. Ele está por dentro de tudo o que se passa no Hospital Miramar. Tudo começa com a chegada de Jordi (Igor Szpakowski), que tem câncer na tíbia e terá que amputar uma de suas pernas. Ele divide o mesmo quarto que Lléo (Àlex Monner), um impulsivo e rebelde que, descontente com a vida apática no hospital, decide formar um grupo de amigos.
Esse grupo é composto por seis tipos de pessoas: o líder, o segundo líder (que seria o líder se já não tivesse um), o bonito, o inteligente, o imprescindível e a garota. É aí que entram na história Ignasi (Mikel Iglesias) por um problema cardíaco, Toni (Marc Balaguer), depois sofrer um acidente dirigindo uma moto, e Cristina (Joana Vilapuig), a garota do grupo, que sofre de transtornos alimentares. Juntos, eles aprendem a lidar não só com suas doenças, mas também com os problemas daqueles que os rodeiam.
Polseres Vermelles é uma série que cativa o público por sua simplicidade no roteiro. Por conta de uma bagagem de vida e superação, Albert Espinosa tem um jeito particular de escrever histórias, fazendo com que o público se emocione e se identifique com suas mensagens de superação.
Num mesmo episódio a série te faz rir e se emocionar. E em cada um deles, o autor traz uma das lições que aprendeu quando vivia no hospital (que também estão presentes no livro O Mundo Amarelo).

A trilha sonora é outro ponto forte de Polseres Vermelles. Composta quase que exclusivamente por músicas catalãs, é difícil assisti-la e não baixar os temas que embalam a história. Além de boas letras, a batida do pop rock catalão é bastante agradável.
Até então, já foram exibidas duas temporadas de Polseres Vermelles. A primeira estreou em 2011, e a segunda em 2013. Uma terceira já foi confirmada, com previsão de estreia para 2015, que será marcada por um novo giro argumentativo, com personagens na idade adulta.
Portanto, se você gosta de um drama com histórias que comovem, emocionam e te sensibilizam para vida, Polseres Vermelles é uma ótima opção. E se você não entende catalão, não há que se preocupar, pois é possível encontrar legendas em português aí na internet.
Fique com uma das músicas que compõem a trilha sonora da série.
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