Você precisa de supervisão em relação à Júlia” — Dora
Bem, em relação a si mesmo também, não é? Theo está louco, de vez. Mas para a nossa sorte, os roteiristas ainda não. Temos mais um bom episódio de Sessão de Terapia acompanhado de novas informações e novas prioridades de compreensão, atenção e explicação. Que sessão!
Dessa vez Theo tem mais assuntos para explorar com Dora. Graças a Deus que ele engoliu um pouco orgulho e resolveu permanecer na supervisão. Com quem mais ele iria poder conversar além de seus barquinhos de madeira? Dora assume cada vez mais o papel daquela pessoa que frequentemente em nossas vidas aparece: nós não gostamos muito, mas acabamos por distribuir doses de afeto em função de suas honestas tentativas de nos entenderem. O fato de Theo aceitar -forçadamente- isso mostra o quanto ele está desesperado por achar um refúgio, um porto seguro.
Mesmo achando um porto com estrutura para abrigá-lo, nosso quase querido terapeuta ainda não jogou a âncora nesse cais. O motivo? Ainda estamos sem saber. Não ganhamos muito mais informações sobre a versão completa dos motivos que fizeram Dora e Theo se desentenderem e se separarem por 8 anos. Só confirmamos que tem algo a ver com a palavra “caso”, o pai dele, uma paciente dela, o marido dela e claro, todos nós.
A série tende sempre a tomar rumos certos nas sextas-feiras. Sempre grandes atuações com diálogos pesadíssimos. Como não dar certo? Ainda mais essa semana, em que Theo teve o caso de amor de Nina e León descoberto e o o líquido amniótico de Ana explodindo na sua cara. Tudo forte e devidamente comentado: de forma breve, a ponto de apenas botar pra fora.

O que importa mesmo é Júlia e Clarice. Eu previ e Dora também: Clarice está chifrando o marido. Ele já confirmou que estava pronto para pegar a cabeça dela e bater contra a parede. Ver ele finalmente se pondo no lugar de seus pacientes é tão satisfatório.
Confesso que me sinto um pouco culpado, mas entendo a naturalidade. Theo ainda não aceitou que cometeu erros no casamento, o que seria o óbvio primeiro passo para tentar consertar, pois ainda há tempo. Subconscientemente, creio que ele esteja na dúvida, mas na superfície, seu tempo e sua massa cinzenta estão muito ocupados com seus clientes, com os quais ele não tem mais a mínima paciência. Talvez só com Júlia!
Ele quer, não quer? Nós queremos. Ela também quer! Mas ele sabe que não deve. Pode não ser amor, mas ele a quer: por ciúme ou por despeito, achou-se no direito. A hipótese mais facilmente aceitável é de que ele quer magoar Clarice de volta. Essa troca de chumbos é naturalmente contra qualquer código ética não só profissional, mas para o resto das coisas também.
Gosto muito visualmente da sessões com Dora. A sala, a iluminação, os livros nas prateleiras pressionando os pensamentos (que nunca se perdem no ar). Ele não pode fugir, e nem ela. Nesse episódio, o trabalho de sonoplastia foi exímio. A fotografia idem! Selton Mello teve mais uma direção só ok -porém melhor que a de quinta feira-, enquanto Zécarlos vai dividir sua palavra do dia com Selma Egrei: afiado.
Amei ver a metáfora dela lhe dando o copo de água. Ele estava nervoso, tentando se encher de pílulas, mas esperou que Dora o oferecesse um copo com água. Não foi pegar por si mesmo mesmo já conhecendo aquela casa até de cabeça para baixo. Naquela sala, ela é que comanda, ela escolhe o quanto de água deve ser tomada. Ela segura as asas da jarra e ela que define o ritmo das gotas. Dora é a pessoas a ser respeitada e a ser tratada como superior ali, não Theo. Difícil pra ele e, mais uma vez, delicioso para nós.
O ponto alto dessa vez ficou para a revelação de um abandono de paciente por parte de Dora. A mesma sugeriu, como de se esperar, que ele redirecionasse Júlia para outro terapeuta. Outra, na verdade. No feminino mesmo. Não necessariamente ela, de acordo com Dora. Mas sem dúvidas Dora, segundo Theo. Se por um lado Dora sempre tira conclusões antecipadas, agora ela não tá mais sozinha.
Theo está no mesmo caminho da insanidade. Vê entrelinhas em tudo e assim se perde nas próprias inexistências. Na frequência que seus pacientes parecem melhorar, Theo só continua a definhar.
Para as próximas sextas, devemos esperar os mesmos tapas e beijos de sempre, porém, com mais revelações. Um dos dois precisa se render. Por que nessa série sempre tem alguém evitando ceder? Ceder é entender. Entender é essencial. Mas, como foi bem frisado na quinta de Ana e João sobre o impasse de “ceder e entender”: primeiro a si mesmo, depois os outros. Bola pra frente, Theo! Bola pra trás, Dora!
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