Destinos se cruzam em Ten Thirteen para nos trazer metáforas sobre fatos contemporâneos e pavimentar o caminho da season finale da segunda temporada.
Vocês estão esperando por mim” — ABBOTT, Meg
Antes de começar a crítica gostaria de expressar os meus sentimentos sobre esse episódio. O ar faltou em vários momentos, quando as pontas soltas se encaixavam. Eu exprimia gritos de emoção e dei pulos de surpresa com o desfecho. The Leftovers é uma série difícil, que força o telespectador a pensar nos argumentos, costurar as pontas soltas, entender as entrelinhas e sufocar-se com uma bagagem dramática, tornando-a um dos melhores shows da TV.
Em Ten Thirteen, somos apresentados aos caminhos de três personagens distintos: Meg, Tommy e Evie, que se cruzam e impactam o enredo como um todo. A ausência dos remanescentes culpados e de Tommy foram sensíveis na corrente temporada, porém eles aparecem de repente e tudo se encaixa ao redor dessa aparição. Ovaciona-se aqui os roteiristas, que souberam dar a visibilidade certa e, no momento exato, para personagens interessantes e que estavam no limbo até então.
Vemos a trajetória de Meg, de ser vazia procurando respostas em Miracle à líder destemida capaz de métodos agressivos. Assim como foi visto em Off Ramp, os remanescentes culpados liderados por ela estão levando seus métodos a um novo patamar, despertando a atenção dos líderes da seita. Aqui, pode-se traçar um paralelo com movimentos extremistas que em nome de uma doutrina são capazes de atos abomináveis.

Já os caminhos de Tommy vão na contramão, de ser independente a alguém que implora migalhas de sentimentos. Tommy tenta levar os preceitos da fé de Wayne à frente, mas seu vazio interior o força a encontrar Meg. É nesse momento que explica-se o fato de Laurie estar sozinha em A Most Powerful Adversary.
O encontro de Meg e Tommy é explosivo e, por meio dele, mais pontos clareiam: Tommy é uma ferramenta de reprodução para ela; há toda uma dissidência dos remanescentes disposta a atos impraticáveis, vivendo como uma seita à margem da sociedade e com um segredo dentro do celeiro (lembrou-me, por um momento, o mistério do celeiro da segunda temporada de The Walking Dead); além de algo grande está sendo planejado para o 14 de Outubro em Jarden.
Prosseguindo, o reencontro de Matt e Meg nas imediações de Miracle é permeado pelo diálogo que, nas entrelinhas, deixa claro as motivações desta. Todavia, nos últimos segundos elucida-se ao público o desaparecimento das garotas de um modo surpreendente.
Ten Thirteen mostrou em pouco mais de 50 minutos como solidificar o enredo de toda uma temporada, como usar a direção para criar uma expectativa surreal para o próximo episódio e como uma ideia pode mudar o destino de toda uma cidade.
Considerações Finais
– A piada do lápis quebrado que Evie conta para o pai em Axis Mundi foi lhe ensinada por Meg;
– Quase tive um infarto com a cena do ônibus escolar;
– Por que Meg engravidaria propositalmente? Esses roteiristas me matam ainda;
– Pelo decorrer da história, a season finale também acontecerá nas comemorações do 14 de Outubro assim como em The Prodigal Son returns;
[taq_review]
Deixe um comentário