Você ainda pensa que uma pessoa tem que massacrar seu inimigo e isso a torna um líder. […] Não é mais tão simples” — AL-FAYEED, Jamal.
O princípio da democracia começa quando o poder de decidir seus governantes é passado para as mãos do povo. Pode não ser a melhor forma de governo, mas é a que funciona de maneira mais eficaz. Os acontecimentos mundiais levaram Jamal Al-Fayeed perceber que continuar seu regime de tirania em Abbudin pode não ser a melhor saída. Mesmo contrariado, aceitou ouvir os conselhos de irmão, Bassam.
Por mais que Jamal quisesse resolver seus conflitos de maneira a garantir que ele continuasse no poder, não poderia fazer isso sem um grande derramamento de sangue. Seu tio, Tariq, tem uma sede sanguinolenta e não pestanejaria em matar quantos revoltosos fossem necessários para assegurar a ditadura.
Sem dúvida, a melhor saída foi mesmo acatar o pedido do rival Walid Rashid e propor eleições diretas. O argumento de Bassam foi o fator decisivo para isso: até as eleições, Jamal poderia conquistar a afeição do povo. É uma jogada arriscada, mas, no momento, não havia muito a ser feito.

A metáfora utilizada pelos roteiristas foi genial: ao aceitar a democracia, Jamal consegue ter uma ereção. Parece que o que prendia sua potência sexual era justamente sua impossibilidade de aceitar a mudança.
Jamal é uma força da natureza, difícil de ser contida. Agir por instinto parece ser a palavra de ordem em sua conduta. Ele pode até conseguir convencer a população de que é um bom governante. Sua entrevista para o programa 60 minutos mostrou, contudo, que ele pode ser bem atraente quando quer. Porém, o final do episódio mostrou que Jamal é imprevisível, faz primeiro para pensar depois. Isso pode ser sua ruína.
Walid Rashid, apesar de aparecer apenas nos dois últimos episódios, fez muito pela trama. Primeiro plantou uma semente da discórdia entre os irmãos Fayeed. E foi além: mostrou que Bassam é uma figura muito mais arrebatadora que Jamal. Isso é algo que o espectador também sentiu. Mesmo que o atual presidente consiga despertar certa simpatia pelo povo de Abbudin e por quem assiste ao seriado, é Bassam que conquista. Não surpreenderia uma reviravolta nisso.
Aliás, uma briga entre os irmãos não é de todo improvável. Afinal, o episódio se encarregou de mostrar uma cumplicidade fraternal típica. As brincadeiras, os risos, as piadinhas. Não demora muito e isso cai como um castelo de cartas.
Tyrant não deu muito destaque para os demais personagens. O que também é muito compreensível, afinal, a coisa está pegando fogo em Abbudin, deixando pouco ou nenhum espaço para desenvolver as tramas paralelas. Realmente, não dá pra reclamar.
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