Não haverá paz em Abbudin com meu irmão no poder. Ele tem que ser removido” — AL-FAYEED, Bassam.
Quando Tyrant começou, poucos conseguiam imaginar os rumos que a trama tomara. Hoje, oito episódios depois, é surpreendente o quanto a série evoluiu. Se alguém apostava que Bassam conseguiria consertar o irmão, acabou perdendo a aposta.
Pouco a pouco, Tyrant foi construindo a personalidade de Jamal e mostrando o quanto ele, por mais que tentasse, era incapaz de melhorar. Como foi dito na própria série, ele está além do conserto. Sua imprevisibilidade e impulsividade o condenam. Foi um choque descobrir que em um teste de psicopatia ele ficou apenas um ponto abaixo do famoso Jeff Dahmer.
Como confiar em um homem que estuprou a própria nora na noite do casamento? E pior, ainda tenta se redimir com um simples pedido de desculpas, alegando que era apenas um pai zelando pelos interesses do filho? A cada diálogo que Jamal tem com seu filho Ahmed fica o nó na garganta e o asco por ele ser incapaz de imaginar que errou.

Pobre Ahmed que é completamente apaixonado por sua esposa, mas não consegue consumar seu casamento. Pobre Nusrat que teve sua sanidade completamente abalada por um ato tão atroz. Apesar de ser esperta e compreender que Jamal quer tudo, a moça levará essa marca horrenda para o resto de sua vida.
Diante disso, só restou a Bassam decidir que Jamal não é a melhor escolha para governar Abbudin. E foi inesperado perceber que tantas pessoas dentro do próprio palácio governamental também nutriam os mesmos sentimentos.
Uma rede de interesses acabou sendo formada. Se Bassam acredita que Tucker e a estranha Lea Exley estão nessa motivados por pura ideologia, é bom que ele tome um bom chá de realidade. Os Estados Unidos não se envolveriam em um golpe de estado se não houvesse grandes oportunidades por trás disso.
Jamal é instável e poderia expulsar a base americana de Abbudin a qualquer momento. Apoiando Bassam, Tucker e Lea garantem sua permanência, com uma figura sólida no poder. É o jogo do ganha-ganha, onde todas as partes são beneficiadas.
Menos Jamal, claro. Ainda na inocência, o atual presidente conta apenas com o apoio de sua ambiciosa mulher e se finca na confiança que tem em seu irmão mais novo, crente que tudo voltará a ser como era antes.
Outro que quer garantir sua fatia do bolo é o General Tariq. Sua tentativa de forjar uma democracia para assegurar que sua família continue soberana em Abbudin é uma pequena amostra do que ocorre no Oriente Médio e as supostas eleições diretas.
Nesse jogo de poder, Molly é a que fica mais desorientada. Dividida entre o que é certo e o que é aceitável. Sua angústia pelo bem do marido e pelos futuros do filho é compreensível. Mesmo que muitos a julguem como uma chata, qualquer mulher teria a mesma reação.
Tyrant teve um ótimo avanço e, nessa reta final, deixa a trama em aberto. Qualquer coisa pode acontecer nesses dois últimos episódios e nada garante que será um final feliz.
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