Bedfellows foi dedicado às novas relações amorosas de Tyrant.
E se nós estivermos errado?” — ABDULLAH, Sheik.
Hoje a review começará de maneira um pouco diferente. Geralmente, é fácil fazer um link com algum acontecimento mundial, em especial com o avanço do Estado Islâmico e as tensões sempre crescentes no Oriente. Até mesmo a expansão americana e as alianças feitas com os Estados Unidos rendiam paralelos em Tyrant.
No entanto, desde a morte de Emma, a série vem passando por um processo novelização que chega a incomodar. Naturalmente, nunca foi segredo o quanto que a série flertava com o estilo novelístico. Isso nunca foi um problema, até porque os roteiristas sabiam dosar bem os conflitos políticos com os emocionais.
O que se vê recentemente é rendição. Tyrant se transformou em uma típica novela mexicana com direito a revelações de filhos bastardos, relações extraconjugais e aparições de personagens mortos em sonho. Esse episódio foi um ótimo exemplo disso.
Questões absurdamente importantes foram deixadas de lado para dar um enfoque aos amantes do episódio. Todos tiveram sua cota de participação dentro do romance e as discussões políticas ocuparam segundo planos.
Por mais que o espectador aprecie uma boa história de amor, quando isso começa atrapalhar a trama principal acaba não sendo mais interessante. Sobrou até para o amor entre Sammy e o professor. O velho discurso do homem casado que mantem relações com outro cara e dizer não ser gay poderia ter sido melhor utilizado em um contexto mais favorável. Da maneira como foi, ficou vazio.
As partes mais promissoras do episódio envolveram a aliança entre Laila e Al-Qadi. A cena em que ela convence os poderosos de Abuddin que sua aliança é a melhor saída para os interesses da elite foi sintomática dos atuais governos que não legislam a favor do povo.
Outro momento significativo foi a inclusão de uma discussão sobre o papel da mulher na democracia de um país do Oriente Médio. A jovem Halima não pode conciliar seus desejos e ainda lutar pela democracia sem ser condenada pelos demais, ser chamada de “puta”. Mas o que frustra é saber que o articulador do discurso contra a jovem líder foi motivado por ciúme. E isso acaba esvaziando o discurso mais uma vez.
Até a morte do Sheik Abdullah ficou reduzida ao ódio de Ihab pelo Bassam ter matado sua esposa. Ainda que a fala final do Sheik questionando sobre suas crenças à beira da morte acabou se perdendo em meio à salada mexicana que foi servida por este episódio.
Fiquem com as cenas do próximo capítulo, torcendo por uma recuperação da série.
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